quinta-feira, 31 de agosto de 2017
O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO
O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO
Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria visitar algum conhecido.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita.
Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora.
A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão.
Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, internet, e-mail, Whatsapp ... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite...
Que saudade do compadre e da comadre!...
Créditos: José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.
Adriano
Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria visitar algum conhecido.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita.
Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora.
A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão.
Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, internet, e-mail, Whatsapp ... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite...
Que saudade do compadre e da comadre!...
Créditos: José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.
Adriano
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Noilves Araldi no evento Literatiba - 12 de agosto de 2017
Mais uma apresentação do livro, MICHÈLE UM RASTRO DE LUZ, em 12/08/2017, no Memorial de Curitiba .
Noilves Araldi, Bianca Luna, Dione Mara Souto da Rosa e Isabelle Aguilar.(Vampirelle)
Com Vera Rauta
#Literatiba Na foto: poeta Amauri Nogueira e Noilves Araldi, autora de "Michèle - Um Rastro de Luz".
Na foto: Rubens Faria Gonçalves, Francisco Souto Neto, Josane Cavallin e Dione Mara Souto da Rosa, ladeando Noilves Araldi, autora do livro "Michèle - Um Rastro de Luz" que temos nas mãos. Somos parte da Academia de Letras José de Alencar - ALJA fazendo-se presente na Literatiba - A feira literária de Curitiba
Com Adriano Siqueira
Com a Dione e a sua irmã
Com Rubens Faria Gonçalves
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Recordações - Lages 1962
Em Lages em 1962, como professoras, recebendo o Governador de SC, Dr. CELSO RAMOS, em visita ao nosso Grupo Escolar Vidal Ramos, hoje CENTRO CULTURAL DO SESC
Recordações Noilves
Desfile Bangu , Clube do Exército, promoção do Clube 14
esq.p/dir. :Aparecida Sampaio,Noilves, Vânia ou Celia Castro, Leila Arruda, Noelci( minha irmã),e Yelva
BAILE DESFILE BANGU>Noilves, Zildinha e Maria Lúcia!
notaram o lança - perfume nas minhas mãos? Naquela época só brincávamos, e cantávamos. Tínhamos Ensaio de Carnaval no Clube, quando decorávamos todas as letras!
Candidatas a Rainha do Clube 14
Candidatas a Rainha do Clube 14
A valsa com meu querido papai
notaram o lança - perfume nas minhas mãos? Naquela época só brincávamos, e cantávamos. Tínhamos Ensaio de Carnaval no Clube, quando decorávamos todas as letras!
URUGUAI< PANAMÁ<PORTO RICO E GUATEMALA
Um Brinde
UM BRINDE À AMIZADE ! ...
( Cenira Dizaró Zaccarelli , Rute Dyminski , Elis Pasini e Noilves Araldi ) — com Cenira Dizaró Zaccarelli, Elis Pasini e Noilves Araldi.
( Cenira Dizaró Zaccarelli , Rute Dyminski , Elis Pasini e Noilves Araldi ) — com Cenira Dizaró Zaccarelli, Elis Pasini e Noilves Araldi.
Encontro
]Noilves Araldi, Maria Francisca Lourenço, Cenira Dizaró Zaccarelli, Rute Dyminski e Ligia Ignaszewski em Brioche Panificadora.
foto de Elizete Nunes.
foto de Elis Pasini
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